20 de junho de 2017

Sonho Longo

Eu não sonho, fabrico filmes.

Minha mente é tão criativa que cada sonho eu acordo querendo mais, é como se fosse um filme mesmo. Tem diálogos, conexões e mesmo sendo sonho tem um pouco de coerência.Geralmente eu acordo brava porque me acordam antes do final, no ápice do sonho e eu fico querendo saber como se desenvolveria.

Esta noite sonhei que era um personagem de contos de fadas, não propriamente um personagem disney, mas uma filha de um personagens e estava no mundo normal, já vou dizer que não no meu corpo, e nem as pessoas envolta de mim no sonho eram conhecidas. Voltando eu estava no mundo normal, junto com humanos normais, sem saber o que era. Era branquinha, cabelos longos e negros, olhos grandes e piercing na orelha, usava cropped e e jeans rasgado tudo preto, meu sapato era um coturno. Pelo visto era revoltada porque a cena começa com minha mãe fictícia na escola, me encarando com um misto de pesar e raiva como se aquilo não fosse a primeira vez, nós saiamos e então ela me contava sobre o que eu era, e sem interromper eu descobria.
Ela dizia que o mundo de conto de fadas era um pouco real, nada era tão lindo quanto lemos mas os personagens eram reais, e havia muito mais. Que haviam regras, principalmente contra humanos saberem disso pois um humano q soube, escreveu e reinventou essas pessoas quase as expondo aos humanos, então o contato era proibido. Que meu pai (que eu não conhecia) era um desses personagens, era um violador de regras nato, mas era um criminoso tbm, se tratava nada mais, nada menos que o Lobisomen original, ela foi amaldiçoado por uma bruxa a virar lobo em toda lua cheia, porque havia matado um dos lobos dela. Só que isso o piorou, despertou ainda mais o animal nele e ele mordia e infectava as pessoas por ai, as tornando lobisomens. Então ele fugiu pro mundo humano e conheceu minha mãe, que era doce e inteligente, o apoiava e via  melhor nele. Mas ele começou ficar fraco por estar longe de sua terra e voltou, para ser preso. Ela falou que como eu era metade humana decidiu que eu ia viver com os humanos por não precisava daqueles poderes, mas era hora de ir.
Ela me levava um local na floresta e pedia que aguardássemos ali até alguém aparecer e levou dois segundos. Ela contou quem era e quem eu era, eles já sabiam de mim (pelo meu pai eu acho) e logo eu estava num tribunal onde decidiam se eu teria lugar com eles. Me permitiram ficar, e também minha mãe que era humana, pra me servir de base porque eu não tinha adulto responsável já que meu pai, estava preso. Eu iria ser mandada para escola, onde existia um campus e eu moraria lá, como todos outros alunos, no mesmo campus tinha uma faculdade e minha mãe foi estudar lá, porque foi convidada a dar aulas de história humana para os alunos.
De cara fiz dois amigos um menino alto, branquinho tbm, olhos pequenos esverdeados e com o cabelo loiro escuro e uma menina loirinha que quando ria era contagiante e não podia evitar sorrir junto, eles não tinham preconceito por eu ser um fruto proibido e entendiam que eu não tinha culpa nenhuma. Mas o resto da escola me odiava.
Durante um ano que eu estudei com eles, via que a menina Catshire (descobri os nomes neste ponto) era apaixonada pelo menino Jhonny, mas ele a via como irmã, e ficava com muitas outras meninas, bem quando eu estava longe, pq elas se incomodavam comigo. Na maior parte do tempo eu era uma sombra. Professores treinavam comigo enquanto os outros tinham a tarde livre, pra descobrir meus poderes. Numa dessas tardes segui um barulho e descobri que tinha uma gangue na escola que estava torturando pessoas, física e psicologicamente para eles lhe darem informações sobre o reinado. Quando espiei, vi que eram meus amigos e não fiquei quieta, invadi a sala (que era tipo um cinema) e surgiram garras nas minhas unhas, com as quais eu machuquei essas pessoas até as autoridades chegarem, eles foram pro hospital e depois pra cadeia.
A diretora da escola veio me agradecer, mas eu sentia que aquilo tava mais pra um aviso do que agradecimento, ela me odiava e não gostou do que eu fiz. Ela parecia um pouco comigo, era recém formanda do colegial, cabelo longo e preto, pele bronzeada, e usava roupas sempre vermelhas. Ao sair ela ficou observando Jhonny, o comendo com os olhos. E então mandou três alunas que eram mais pra servas chamarem ele, em um impulso eu os segui, e quando as servinhas sairam, eu os ouvi transando.  Engoli a ansia de vômito e sai dali.
Eu me afastei dele, e consequentemente da Catshire, eles continuaram amigos e ele seguiu tendo um caso escondido com a diretora. Eu passava o tempo que antes era gasto com eles, escondida no fundo do teatro ouvindo minhas músicas humanas, escondida e vendo a peça da escola ser ensaiada, o ator principal, era o irmão mais novo do Jhonny, Henry, ele era o único que sabia da minha presença, ele ficou de boa sobre isso e começou a me tratar como irmã mais velha, mas eu não tinha mais ninguém, tava cada vez mais perdida e isolada, até minha mãe que estuda e dava aulas estava sem tempo pra mim, e ela era tão querida quanto a Catshire.
No dia da apresentação do teatro Jhonny veio falar comigo que não entendia pq eu tinha sumido, ou o que eles tinham feito, eu não podia contar na frente da Catshire que sabia do caso dele então disse que estavam me treinando mais pq queriam saber como eu manifestava as garras, já que só uma (aquela) vez tinha conseguido, o que era meio verdade. Catshire, linda que era segurou minha mão e agradeceu, ele ficou com raiva por sentir que eu estava escondendo alguma coisa e saiu, sentei e assisti a apresentação, onde o Henry foi lindo, mas ouviu durante todo o tempo sexo na área vip, que eu achava que não tinha ninguém, mas ao olhar de relance vi a diretora com Jhonny, e ele estava meio hipnotizado por ela, a apresentação acabou e ele me viu, viu que eu tinha visto e  sai o mais rápido que eu pude. Mas ele me alcançou no mesmo momento que a Catshire que sem perceber a tensão falou para a acompanharmos até seu carro que ela passaria as férias em casa (e eu na escola), fomos em silêncio, me despedi dela segurando as lágrimas que estavam tentando cair por vários motivos. Assim que o carro dela sumiu de vista, me virei e sai andando rapidamente. Ele me seguiu e logo uma serva da diretora grudou nele, atrasando ele um pouco, mas ele não conseguiu se livrar dela e me seguiu mesmo assim. Eu caminhei em direção a faculdade porque queria fazer minha inscrição pro próximo ano ainda, mas como era filha de um criminoso imaginei ter dificuldades com isso.
A culpa é sua - ele tentava falar sem ela entender
Como a culpa pode ser minha?
Você quem provocou isso - ele acusou
A única coisa que eu fiz foi salvar vcs de tortura - falei incrédula
Você se afastou de nós! - ele rebateu
Alcancei a secretária da universidade e falei meu objetivo e quando ela perguntou quem eu era, respondi pela primeira vez em voz alta: FILHA DO LOBISOMEN ORIGINAL. Ela empalideceu e disse que eu devia falar diretamente na administração, que o zelador me indicaria o caminho, subindo a escada e virando a direita. A escada era uma improvisação de ferro, e quase  ninguém a usava, pq quase ngm ia lá, e era bem alta (o administrador tinha asas e gostava de ficar mais alto possível). Subi seguida por Jhonny e lá em cima já, fui apoiar num corrimão e a escada desprendeu, quase nos derrubando. Agarrei na primeira coisa que senti e comecei chorar de medo de altura. Era o Jhonny
- Como vc, filha do maior criminoso daqui tem medo de altura?
Eu só me desvencilhei dele e voltei a secretária
- Desculpe por me fazer perder seu tempo.
Antes que ela pudesse entender eu saia e voltava pra escola (dois quarteirões acima), afim de ir pro meu quarto e me esconder até o fim das férias.
Fui parada pro três figuras que reconheci, os torturados iam responder em liberdade porque eram adolescentes, e a diretora seria a responsável por "mantê-los" na linha, um calafrio percorreu todo meu corpo enquanto ela se afastava deles. Eles viraram em minha direção e me ameaçaram. Eu dizia que eles nada podiam fazer e uma menina com cabelo preto e cinza me respondia
- Não podemos fazer nada com a queridinha da escola - falou com ironia - Catshire
Jhonny me alcançou e puxou pra longe
- Se afasta deles, nada de bom vem dali
- E vc é o experct já que quem os projete é quem vc fode né - falei com tanto veneno na voz que me arrependi
- Não me venha com ciuminho agora - Sua voz continha desprezo e eu não aguentei e corri, sem olhar pra trás e ver se ele vinha, sem olhar pra frente e ver direção.
Com lágrimas nos olhos e correndo trombei com meu treinador caindo e fazendo nós dois rolar
- Mas que porra menina - ele falou e me ergueu - que diabos ta acontecendo?
- Nada - falei limpando as lágrimas - eu só não estou num bom dia.
- E sai correndo derrubando os outros - ele disse olhando além de mim
- Desculpe, eu não tive a intenção - acompanhei seu olhos e só vi uns meninos correndo - O que vc ta olhando?
- Treino de férias- ele apontou - eles apostam corrida e depois se jogam no mar pra se divertir!
- Correm até a praia?
- Onde mais tem mar?
- Mas não é longe?
- São 2 km não é longe, e eu os acompanho de vista
- Vc enxerga a 2km de distância? - falei chocada
- Sem barreiras na frente enxergo a 3km
Eu olhei pra trás e vi o Jhonny procurando alguma coisa (ou alguém) e definitivamente eu não queria falar com ele.
- Ok, eu preciso ir
O Treinador acompanhou meus olhos e parece ter entendido alguma coisa.
- Sabe é bem legal correr até a praia e eu vi que vc gosta de correr, vc devia tentar, eu tbm vou, tenho que encontra-los lá, sabe... adulto responsável.
Eu sorri, e foi de verdade em meses.
- Vamos
Quando começamos correr eu ouvi o Jhonny gritando Luna (meu nome só ouvi agora) e pra fugir dele, corri. A sensação era incrível, um por um eu fui passando os alunos do treinador e deixando todos pra trás, eu sorria enquanto corria e já podia ver todo o mar azul, e aquela areia branca sob meus pés. Ainda correndo entrei no mar, calmo e sem  eu fui recebida. Mas estava muito rápido e quando me dei conta não me dava mais pé. Tentei boiar mas a correnteza me levava rápido pro fundo.
Vi uma boia sendo atirada na minha direção pelo treinador, ele era muito forte, e mesmo longe a boia quase chegou a mim. Quase. Tentei focar nela e agarrar mas não conseguia, tentei boiar mas já estava cansada. Estava afundando e uma mão me tirou da água funda. Abri os olhos e vi um anjo, desmaiei na areia.


Acordei!

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